Prezada senhorita.
Venho através dessas mal escritas linhas dizer-lhe que sinto
saudades. Digo-lhe, também, que a cada sorriso seu sinto como se minhas pernas
fossem formadas única e exclusivamente de gelatina. Que a cada olhar que me
direciona, percebo o quão lindo pode ser mirar nos olhos de um anjo. Percebo
também, senhorita, que por mais que eu seja sabedor da impossibilidade de ter
você comigo, anseio e desejo isso a cada dia mais.
Quando sinto o cheiro de seus cabelos, sedoso como a mais
macia das plumas do pássaro mais lindo e delicado do mundo, sou transportado
para um mundo distante, onde posso ter você em meus braços e assim fico durante
muito tempo. Quando toco seu corpo sinto o calor de um vulcão em erupção
tomando conta de mim, e imagino como seria ter você durante meus dias.
Seu sorriso então, adorável donzela, é quase um amanhecer
com o sol iluminando campos e montanhas e vales, com flores sendo acordadas
suavemente, sem pressa. Sua voz faz-me recordar dos sons das liras angelicais,
tal beleza transporta e empresta a quem tem a sorte de ouvir-te.
Após tantas palavras soltas ao vento, deves estar
perguntando-te: quem deu-me o direito de ousadamente falar coisas assim a teu
respeito? Respondo-lhe que não me foi dado este direito, mas não acho que seria
correto ter dentro de mim tão belo sentimento e sufocá-lo por medo de
respostas.
Peço-lhe, senhorita, que ao ler tão mal escritas linhas,
lembre de tudo de mal que outros jovens apaixonados causaram-lhe, e lembre-se
que estou aqui para, de um jeito que espero ser o correto, ajudar-te a curar
suas feridas e, quiçá, ter desenvolto por mim um sentimento recíproco.
Despeço-me, jovem e linda senhorita, com desejos de logo
avistá-la e continuar abastecendo meu amor secreto com seus sorrisos, abraços,
gestos e palavras. Peço a Deus e aos anjos colegas seus que a cuidem e zelem
enquanto longe estou para que eu ainda tenha onde viver. Pois enquanto cuidam
de tua vida, mesmo sem saber, cuidam também de meu mundo inteiro.
Beijos do teu Rogério Vargas