segunda-feira, 27 de abril de 2009

O melhor do Interior

Ypiranga é empurrado por mais de oito mil torcedores, vence o Caxias por 1 a 0 e sagra-se Campeão do Interior

Erechim está em festa, uma festa em verde e amarelo. Após anos escorraçado na Segundona Gaúcha, o Canarinho voltava à elite do futebol gaúcho neste ano. E voltava com a desconfiança total da torcida. Muitos acreditavam que o time lutaria para não cair, alguns outros pensavam que a campanha não passaria de regular e poucos, muito poucos confiavam na equipe treinada por Tonho Gil.
O começo foi longe de casa, em Novo Hamburgo. Um primeiro tempo muito ruim, com a equipe nervosa, não se acertando em campo, que resultou em dois gols do Nóia. Na segunda etapa, o Canarinho melhorou e marcou seu primeiro gol na competição com Guto.
Após a estreia fora de casa, chegava a hora do reencontro com a torcida, que nas últimas partidas da Segundona lotara o Colosso, com mais de 15 mil pessoas. Mas parece que o encanto havia se quebrado, e pouco mais de dois mil torcedores foram acompanhar a vitória sobre o Veranópolis. A partir daí, o Ypiranga venceu Esportivo, Juventude e Brasil de Pelotas, empatou com o Internacional e perdeu apenas para o Internacional de Santa Maria.
Classificado para o mata-mata do primeiro turno na segunda posição, mesmo número de pontos que o líder Grêmio, perdendo apenas no saldo de gols, o Ypiranga mostrava que vinha para ficar. A derrota para o Novo Hamburgo em casa foi um pouco frustrante para a torcida, que esperava algo mais do time que se mostrava numa ascendente muito grande.
Na estreia no segundo turno, empate no estádio Olímpico diante do Grêmio, na presença de mais de 25 mil gremistas. Na sequência, venceu Sapucaiense, e empatou com São Luiz, São José e Caxias. Venceu o Santa Cruz em casa, mas a derrota por 1 a 0 diante da Ulbra, em Canoas, tirou do Canarinho a classificação para novo mata-mata. Mas com a melhor campanha entre todos os times do interior, o Canarinho já havia garantido sua classificação na disputa do Título do Interior.
E então eis que após 20 dias sem jogos, o Canarinho volta a campo para defrontar o Caxias, que dias antes havia sido impiedosamente abatido pelo Internacional, na final marcada pela goleada histórica imposta ao time da serra. Vinham mordidos, os caxienses, que iriam jogar acima de tudo pela sua dignidade.
Primeira partida, dia 23 de abril de 2009, estádio Centenário, em Caxias do Sul. Começo avassalador do time da casa, que logo aos quatro minutos marca seu primeiro gol, com Cristian Borja. O Ypiranga parecia perdido em campo, quando Diego sofreu um pênalti, batido pelo veterano zagueiro Baggio. O empate deu novo ânimo ao Canarinho, que começou a equilibrar a partida. Porém, em descuido da defesa, Guilherme apareceu para desempatar o confronto. Na segunda etapa, Márcio Oldra resgatou a esperança erechinense ao mandar uma bomba de fora da área e empatar a partida novamente. O gol de Cristian Borja no final da partida deu a vantagem do empate ao time da serra, mas empate era palavra proibida no vestiário Canarinho.
Segunda partida, dia 26 de abril de 2009, estádio Colosso da Lagoa, em Erechim. Em meio à musicas do grupo Coração Gaúcho e desfiles de carros que estarão participando do Rally Internacional de Erechim, surge o Ypiranga em campo para seu aquecimento. Ali uma pequena amostra do que seria o jogo. A torcida foi à loucura, cantou seu amor ao Ypiranga e inspirou jogadores, que entraram em campo com o único pensamento de vencer o Caxias e conquistar o troféu.
Começa o jogo e o Ypiranga vai para cima do Caxias. Tenta por todos os lados, pelo meio, por baixo e por cima. Mas o Caxias também leva perigo, com Cristian Borja e Marcos Denner. A defesa do Canarinho jogou como nunca. Começando por Marcelo Pittol, um paredão embaixo das traves. Diga-se de passagem, que pela primeira vez desde o longínquo 12 de fevereiro, quando enfrentou o Avenida, a equipe Grená não marcava gol. Mas Pittol não jogou sozinho. Dando segurança a ele estavam Tomas, Alex e André Luis. Três soldados incansáveis que se atiravam sobre os adversários com a ferocidade de um exército prestes a conquistar o mais nobre dos reinos.
No meio-campo, os alas João Rodrigo e Diego foram muito exigidos tanto no ataque quanto na defesa. O Caxias atacava pelas pontas, e em contrapartida sua defesa deixava buracos nos lados. Trabalho para os alas, que atacavam e defendiam com maestria. Márcio Oldra e Pavão foram volantes distintos. Enquanto Pavão era o caçador, sem dar tréguas ao adversário, Márcio Oldra jogava como o capitão, talvez inspirado em Marquinhos, e aparecia para o jogo a todo momento, armando jogadas e também evitando ataques.
No trio mais ofensivo, Pito lembrou o ano passado e infernizou a defensiva da serra no primeiro tempo. Atacou pelos dois lados, chutou, cruzou e foi dele o passe que iniciou o gol do Canarinho. Sharlei foi outro incansável. Correu, lutou, levou trombadas e se apresentou para o jogo a todo momento. Mas Flávio Dias foi o herói. Talvez não tenha sido o melhor, mas foi decisivo. E teve a raça que a torcida espera de um herói. O jogo estava complicado, muitos passes errados, algumas chances de gol, mas faltava uma presença goleadora para concretizar o lance.
Decorriam 30 minutos do primeiro tempo. O relógio marcava 19h37, e o Caxias havia criado duas chances de gol, inclusive com uma bola na trave. Porém, a defesa cortou a cobrança de escanteio e a bola sobrou no meio para Pito. A defesa estava desarmada, e Pito avistou dois jogadores de amarelo correndo em direção ao gol: João Rodrigo e Flávio Dias. O lançamento foi preciso, João Rodrigo adentrou na área, e a torcida levantou. Todos sabiam que a hora havia chegado. Com chute errado mais certo da história, o ala acabou tocando para o matador. E matador não tem piedade. Mesmo vendo o jovem goleiro Muriel atirando-se aos seus pés, como que implorando por clemência, Flávio Dias tocou para o fundo das redes e incendiou o Colosso.
Talvez o torcedor mais desavisado em Caxias tenha escutado o grito de gol e se dado conta que o Interior do Rio Grande estava tendo um novo dono. A partir do gol, o Ypiranga foi heróico. Defendia-se com bravura comovente, tentava os contra-ataques, mas sabia que um gol lhe tiraria o troféu. Aos 40 minutos, Marcos Denner estava escapando com a bola, e André Luis não teve dúvidas. Derrubou o adversário, levou o vermelho e saiu aplaudido pela torcida. e destacou que não se importava. “A expulsão não é nada perto do título”, destacou. A pressão final do Caxias foi total.
Em alguns momentos, o Colosso parecia emudecer, e ao fundo apenas ouvia-se o grito de “Vamos meu Canarinho, raça e coração”, entoado pela torcida Mancha do Ypiranga, que servia como o combustível para os jogadores correrem como se estivessem em uma final olímpica dos 100 metros. Ao apito final de Márcio Chagas da Silva, todos os sentimentos foram vistos dentro do Colosso. Desde a tristeza e decepção dos caxienses à alegria e euforia dos erechinenses.
A volta olímpica foi executada por jogadores, torcedores e comissão técnica. E mais uma vez o grito de campeão ecoou do Colosso da Lagoa subiu a Avenida Sete de Setembro e tomou conta dos quatro cantos da cidade, menos de um ano depois da conquista da Segundona. A diferença é que a comemoração não era pela volta à elite. Era mais importante. O Ypiranga/Barão é hoje o melhor time do Interior do Rio Grande do Sul. Atrás apenas da dupla Gre-Nal. E quem sabe terá uma vaga na Copa do Brasil de 2010. Algo que há dois anos era inimaginável, mesmo para o mais otimista dos torcedores, hoje é a realidade. Pelo segundo ano consecutivo, o ypiranguista comemora um título. Resta esperar pelo troféu que virá no próximo ano. O torcedor agradece.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

O motivo da preguiça

Seguinte: hoje estou com a habitual preguiça de segunda-feira. Sei que é sexta, mas ela me acompanha, e já a considero (a preguiça) minha amigona, de confidenciar segredos de infância e tudo mais. Talvez seja por essa amizade que não escrevia/publicava nada há mais de três meses.
Considerando os fatos, notei que a preguiça é algo presente em quase toda a população. Digo quase para não generalizar, o que seria uma maldade e um pessimismo sem tamanho. Mas quais os motivos da preguiça?
Seriam talvez genes mal formados que deixam a cadeia genética confusa, com os genes revoltados, causando verdadeiro alvoroço em nosso DNA. Imagino os genes preguiçosos com placas e cartazes e faixas com os dizeres “abaixo o trabalho”, “o trabalho cansa o gene”, coisas assim.
Quem sabe ainda seriam os tais neurônios os culpados. Temos bilhões em nosso cérebro, e possivelmente tenham eles uma sociedade organizada, com shoppings, restaurantes e tal. E assim, logicamente, teriam carga horária a cumprir. Logo, os neurônios que trabalham na manhã de segunda-feira estarão com preguiça, não comparecendo ao trabalho. Consequentemente, os neurônios que trabalham em seguida têm mais serviço, exaurindo-se ao limite para uma boa execução de suas atribuições, desencadeando uma onde de trabalhos no limite, ocasionando a exaustão e, consequentemente a preguiça.
E ainda acho que a solução para o problema seria a cerveja. Você, a essa altura da leitura, estaria se questionando: A CERVEJA??? Claro que é a cerveja, meu amigo. No final de semana não sinto preguiça na hora de sair para um futebol seguido de cerveja, mesmo tendo tido a semana mais cansativa do ano. Ao contrário, conto as horas, segundos, minutos...
E porque a solução é a cerveja?? Por questões de lógica. Ao tomar uma cerveja, você condiciona seu corpo para a segunda, terceira, quarta e assim sucessivamente. Mesmo os tais genes mal formados citados anteriormente se acalmariam, na ânsia de sanar sua sede ocasionada pelos protestos contra o trabalho e talicoisa. Os neurônios, por sua vez, tendo uma cervejinha gelada regando seus pensamentos, trabalhariam mais prazerosamente, sem se cansar, sabendo que seriam recompensados ao final de seu expediente.
Está decidido. A solução para a preguiça é a cerveja. E como me encontro em alto grau de preguiça, irei ao bar aqui ao lado tomar meu “remédio anti-preguiça” e retorno em seguidinha. Se não tiver com preguiça....